domingo, 28 de novembro de 2010

socialismo?

Me veio uma ousadia, resolvi perder o medo de falar, escrever sobre o que pensei. O desafio de tirar milhões de pessoas da miséria, nas grandes cidades. A ação do estado tem sido tímida, para não dizer que se limitam à questão policial. É preciso pensar na questão social, formular estratégias de saída, mesmo que os projetos levem décadas para se realizarem. Por isso me veio a palavra "socialismo". Não, não quero voltar ao passado, ao chamado "socialismo real" que naufragou principalmente pela idéia de ditadura para implantar as medidas de transformação da sociedade. Faço parte de uma geração de esquerda que aprendeu a importãncia da democracia, assumida como "valor universal". O que eu penso é em ações nas bordas, loalizadas,mesmo que temporárias. Ações em que o Estado pudesse asumir funções privadas de investimento, construções de complexos comerciais e industriais, geração de empregos em áreas carentes. Não basta só a paz, paz que sempre será temporária, se persistirem as condições sociais para um ressurgimento do banditismo. Incluir aí projetos avançados de ensino, informatização, elaboração de projetos audaciosos capazes de dar oportunidades para muitos, principalmente jovens e crianças. Não projetos paternalistas, tipo orquestras de crianças, etc, que mais comovem os patrocinadores ( e são usados por eles em seu marketing) do que resolvem qualquer coisa.
Enfim, joguei a bomba. Agora, antes de avançar mais, preparar-me para receber as críticas...

sábado, 27 de novembro de 2010

policia e questão social

Bom dia, amigos. Como sempre, na crise corremos todos a apoiar as ações policiais. Eu sou um deles, rapidinho, pois não vejo outra coisa a fazer. Mas o fato é que, de emergência em emerg^}encia, as questões sociais vão sendo vistas como problemas policiais. Contra quadrilhas é preciso mesmo uma guerra. Mas o Brasil não pode continuar com essas gigantescas ilhas de miseria e abandono

Ontem revi meu filme "Wilsinho Galiléia", proibido p/ militares em 1978 e super elogiado quando exibido 24 anos depois. Garoto de 18 anos, com várias mortes nas costas, perigoso, Wilsinho é assassinado pela polícia.Começara sua carreira com 9 anos, preso porque roubou... uma maçã na feira. Dois dias depois comecei a filmar a pergunta: o que fez daquele garoto de 9 anos um facínora aos 18? A sociedade cria o bandido, a polícia o mata. E os militares proibem o filme que, muito antes dessa aguda crise de violência se propunha a discutir a questão (como filme era um longametragem seria exibido em dois programas do Globo Repórter, o anúncio da proibição, depois da Globo tentar todas as instâncias, veio do próprio Palácio do Planalto).

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Cinema Brasileiro 2

Muito bom o artigo da Folha em
http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/830739-apos-anos-de-exclusao-classes-c-e-d-lotam-os-cinemas-de-periferia.shtml

Ali vemos a volta do público "popular" às salas de cinema de bairros.
Excelente notícia, pois o problema de nosso cinema é esse: ter ficado confinado aos shopping-centers e, portanto, a uma classe média consumista. E aliaa disputar com o cinema norte-americano que continua dominando este mercado com um percentual perto de 90% (na América Latina, 95%)
Mas faltam políticas eficientes que possam impulsionar essa tendência, ajudando empreendedores a abrir novas salas. O número de salas no Brasil, país continental, é ridículo e elitista.
Uma medida inicial seria criar carteiras de créditos a longo prazo e juros absolutamente subsidiados.
Outra é reduzir o custo-Brasil que o artigo estima encarece a criação de salas em 80% em relação ao custo no México.
Outra ainda é tocar o projeto de POPCINE que tentei implantar quando Secretário da Cultura em SP: fiquei muito pouco tempo e não deu, meu substituto não se interessou. Uma pena.
De qualquer maneira a informação do artigo da Folha SP é um ótimo sinal para o cinema brasileiro

terça-feira, 16 de novembro de 2010

arte e política

Um amigo levantou uma questão sobre uma de minhas postagens, onde falo sobre o uma certa ausência do imaginário das lutas sociais na produção cultural. Segundo esse amigo, sou "muito político" e uma declaração aparentemente crítica sobre a produção cultural poderia pegar mal. Para começar, acho que é uma observação mais de tendência do que de crítica. Basta ver a postagem seguinte, sobre o cinema brasileirio atual, com uma visão otimista e de valorização da diversidade de propostas e sucessos que fazem bem. De qualquer maneira não acho que eu deva esconder idéias. Sempre cultivei o hábito de discutir o que fazemos no mundo da cultura e esse meu blog existe para isso. Não confundir com a visão que eu acho devem ter os dirigentes da política cultural, os que carregam a responsabilidade de zelar pelo todo, sem critérios pessoais de escolhas. Esses devem agir de forma imparcial, republicana e democrática, deixando para instâncias próprias da sociedade, povo, público, midia, críticos, a crítica e as preferências estéticas. Sempre tive essa peocupação e minhas claras preferências pessoais só se expressam quando me coloco exclusivamente como intelectual ou artista, produtor cultural. Uma outra observação: nunca fiz uma ligação mecânica entre o foco social ou politicamente crítico com qualidade artística. E vice-versa, nunca fiz a bobagem de condenar uma obra artística por seu viés ideológico não crítico. Nada a ver.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

cinema brasileiro hoje

Não há como não sentir um certo entusiasmo pelo que acontece agora com o cinema brasileiro. Vamos ganhando público e polêmicas, a produção vem se diversificando, cada um de nós, cineastas, vai se identificando com algumas das tendências que vão se firmando. É preciso pensar na própria carreira, nos gostos pessoais, nas correntes históricas a que nos filiamos, mas é preciso respeitar e admirar as vertentes que vão se firmando. Nada de donos, nada de narizes torcidos. Precisamos agora de uma efetiva política de expansão do mercado para tirar das multisalas o domínio completo e administrado de um pequeno mercado dentro de um imenso mercado potencial brasileiro

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

desafio

Tenho dito que falta, no imaginário dos artistas e dos intelectuais brasileiros de hoje, as lutas sociais. Elas estiveram presentes num largo período de nossa história e nos principais movimentos culturais, mesmo os mais vanguardistas, como a Semana de Arte Moderna e o Cinema Novo. Não é o que se vê hoje. Os movimentos sociais ou se anularam pela cooptação do Estado ou foram demonizados pela opinião pública em parte por terem sido cooptados em parte por preconceito mesmo. Sem isso, estamos falando sempre de nós mesmos. Ou falando supostamente em nome de uma maioria silenciosa que nada mais quer do que a garantia de uma vida tranquila com seus privilégios contraditórios ( pois são bons mas excludentes. Assim, a cultura brasileira se mostra caudatária da utopia da classe média, o desejo de viver bem e sem culpa numa sociedade desigual e de tantas injustiças. Uma das diretrizes é culpar alguém. E a própria classe média arranja esse "alguém": os políticos, a maioria saida de seus quadros mal formados. Os intelectuais, saidos também dessa "mamma" classe média, desligados das verdadeiras lutas sociais, sonham seus próprios sonhos, falam de si mesmos, de sua falta de saída. Ou vendem o espetáculo dessa impossibilidade dde solução.

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Blog só de cultura e opinião

Meus amigos. Como diria Guimarães Rosa, "ninguém muda de profissão".
Sou cineasta até a raiz do cabêlo, mas tenho uma ligação extra-forte com a política cultural e a política em geral.
Nesses dias, após eleições, comecei a achar que abusei desse BLOG, colocando nele idéias sobre as eleições, esclarecendo minhas posições políticas.
Cheguei à conclusão que, para isso devo criar um outro blog.
A partir de agora, vou tentando "limpar" o conteúdo das mensagens nesse bvlogo.
Esse blog, então retorna à ideia primitiva: colocar minhas idéias de cinema, cultura em geral e filosóficas ( na medida de minha precariedade na área...). E dar notícias sobre meus projetos, filmes, críticas, etc.
Criando outro blog, informarei e passarei as mensagens exclusivamente político-eleitorais para o outro.
Obrigado
João Batista de Andrade

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

oposição

Oposição tem mesmo que esquentar os motores, devagar, sem pressa. Democracia pede isso, não quer dizer guerra. O importante agora é aprender a identificar nos gestos, ações, palavras, os rumos e os significados da política governista, ver onde esses rumos se chocam com propostas da oposição ou, na visão desta, se choca com os iunteresses do país ou da maioria da população. Quase metade do país está na oposição mas isso pode ser passageiro: tendência precisa ser alimentada com idéias mais claras, sem recaídas para o conservadorismo e preconceitos. Apesar da fragilidade no Congresso Nacional, é importante ir esquentando os motores com propostas, apaoios, projetos. Isso marcará positivamente a oposição, impedindo sua caracterização simples de negatividade pura.

terça-feira, 2 de novembro de 2010

pós-derrota eleitoral 2010

Postei hoje, no Facebook essas duas mensagens que revelam um certo desconfôrto diante dos caminhos e descaminhos da aliança PSDB/DEM/PPS. Na verdade eu gostaria de uma discussão ampla a respeito dessa aliança e dos retrocessos forçados ou intencionais da campanha presidencial. E nítida falta de um projeto político em contraponto ao projeto da aliança em torno do PT e do lulismo.
A meu ver há muito de emocional, raiva, misturado com as justas razões de uma ruptura com o lulismo/petismo. Mas vejo que também essa "corrente"(?) carece de clareza sobre ela mesmo, apegando-se, aliás como todo mundo, a um projeto de poder que, no caso governista, tem ao seu lado o que vem sendo feito ou apregoado como tal.
Eis os textos postados hoje no Facebook:
02Nov10 .
17:40 hs Fernando Henrique fala bem, mas acho que falta uma análise maior do que acontece hoje. Só a continuidade do governo Lula quanto à economia não explica tudo mais. E as idéias que movem ou deveriam mover o PSDB ainda estão obscuras. Também se mover tocado por alguma "ameaça" ( não o FHC, mas muitos) é furada: não vejo ameaça alguma nesse momento.
17:45Hs Complementando: Como cidadão de esquerda não posso sucumbir às alianças. Também aqui digo que as diferenças de minha corrente política, pela luta democrática, com as opções de luta armada já não explicam nada. A questão é elucidar, agora, em que trajetória se colocou a política do PT com seus aliados e o lulismo. Haverá, num futuro próximo, possibilidade de recomposição da esquerda? Ou seguiremos divididos?