terça-feira, 20 de janeiro de 2015

Poema: Faltas


FALTAS
20\jan\2015

Não são os dias, os apressados
Não são os anos que passam ligeiros
Não são os olhares que nos vigiam
Não são as pedras que nos chutam
Não é o vento que nos derruba
Não é a chuva que nos inunda
Não é o medo que nos poe em fuga

Não é o tiro que nos mata
Não são os pobres que nos assaltam
Não são os meninos que nos assustam
Não é o dinheiro que nos falta
Não é a poeira que nos suja
Não é o mal que nos castiga
Não é a sorte que nos falta

Não é o poste que nos atropela
Não são as palavras que nos ofendem
Não são as rimas que fazem os versos
Não são as armas que nos atiram
Não é a distância que nos separa
Não é o dever que ainda nos une
Não é o agora que preocupa
Não é o futuro que nos apavora

Nem nada, nem tudo que nos cala
Nem o silêncio, a covardia, o medo
Nem tudo que dizemos pela vida
Nem tudo ou nada queremos
Nem nada, nem tudo fazemos
Nem tudo ou nada
Nem nada.

Olho ao redor de fantasmas
Que povoam as ruas de minha febre
Nada real me ameaça ou assusta
Embora o medo cubra tudo de espanto
Sonho com formigas, são tantas
E cães que apenas fingem ameaças
Espanto meninos deseducados
Nenhum deles carrega armas
E seus olhares são tão doces
Como se fossem meus filhos

Não, não é arma o que a mão exibe
Nem dela o tiro que nos mata
Não é o medo que nos poe em fuga
Não são os pobres que nos assaltam
Nem os meninos que nos assustam
Não é o dinheiro que nos falta
Não é a poeira que nos suja
Não é o Senhor que nos castiga
Não é a sorte que nos falta

Nem tudo ou nada queremos
Nem nada, nem tudo fazemos
Nem tudo ou nada
Nem nada
Nada

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